1- O que é cibercultura e quais suas características?
Cibercultura são as relações entre as tecnologias informacionais de comunicação e informação e a cultura, emergentes a partir da convergência informática/telecomunicações na década de 1970. Trata-se de uma nova relação entre as tecnologias e a sociabilidade, configurando a cultura contemporânea (Lemos, 2002). A cibercultura tem criado o que se vem chamando de “citizen media”, ou “mídia do cidadão”, no qual cada usuário é estimulado a produzir, distribuir e reciclar conteúdos digitais, sejam eles textos literários, protestos políticos, matérias jornalísticas, emissões sonoras, filmes caseiros, fotos ou música.
2- O que é remixagem?
A remixagem é o conjunto de práticas sociais e comunicacionais de combinações, colagens, cut-up de informação a partir das tecnologias digitais.
Ela começa com o pós-modernismo, ganha contornos planetários com a globalização e atinge seu apogeu com as novas mídias (Manovich).
3- Qual é a origem do copyright e qual sua finalidade?
Surge com o capitalismo e a imprensa a partir do século XVIII e é usada para controlar a circulação de bens tangíveis e intangíveis, através da qual o autor cede o seu direito aos editores em troca de pagamento de royalties.
4- Quais são as 3 leis da estrutura midiática da internet? Explique-as.
As três leis são: a liberação do pólo da emissão, o princípio de conexão em rede e a reconfiguração de formatos midiáticos e práticas sociais.
Na primeira lei as diversas manifestações socioculturais contemporâneas mostram que o que está em jogo com o excesso e a circulação virótica de informação nada mais é do que a emergência de vozes e discursos, anteriormente reprimidos pela edição da informação pelos mass media.
A segunda lei começa com a transformação do PC (computador pessoal, início da microinformática em 1970) em CC (computador coletivo, com o surgimento da internet e sua popularização nos anos 80 e 90), e o atual CC móvel (computador coletivo móvel, a era da ubiqüidade e da computação pervasiva desse início de século XXI com a explosão dos celulares e das redes Wi-Fi). Tudo comunica e tudo está em rede: pessoas, máquinas, objetos, monumentos, cidades.
Na terceira lei o que chamamos aqui de reconfiguração encontra eco na idéia de “remediação” (remediation) de Bolter e Grusin (Bolter e Grusin, 2002). A idéia de reconfiguração vai, entretanto, além da remediação de um meio sobre o outro (por exemplo o cinema nos jogos eletrônicos e vice-versa). Por reconfiguração compreendemos a idéia de remediação, mas também a de modificação das estruturas sociais, das instituições e das práticas comunicacionais.
5 - Qual a relação entre a remixagem e a cultura?
A remixagem dominou a cultura ocidental desde a segunda metade do século XX, mas adquiriu aspectos planetários no começo de século XXI. Nossa cultura não é uma cultura da simples apropriação ou empréstimo, da produção, do produto ou da audiência, mas uma cultura da participação, e essa participação se dá pelo uso e livre circulação de obras.
6- Fale sobre a arte eletrônica.
A arte eletrônica ultrapassa os limites da realidade, coloca em sinergia processos interativos, abertos, coletivos e planetários, problematizando as noções de espaço e de tempo, o lugar do espectador e do autor, os limites do corpo e do humano. Com as tecnologias cada vez mais modernas, as possibilidades da arte eletrônica não têm limitações e a partir das tecnologias digitais surgem novos formatos como a música eletrônica, a “body arte”, a “web-arte”, a “net-arte”, os hipertextos, a robótica, a realidade virtual, as instalações interativas, e as demais formas artísticas em interface com a literatura, o cinema, o teatro e a dança.
*ANDRE LEMOS É ENGENHEIRO, MESTRE EM POLÍTICA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA PELA COPPE/UFRJ E DOUTOR EM SOCIOLOGIA PELA UNIVERSITÉ PARIS V (RENÉ DESCARTES), 1995. PÓS-DOUTOR PELAS UNIVERSITY OF ALBERTA E MCGILL UNIVERSITY NO CANADÁ (2007-2008). É PROFESSOR ASSOCIADO DA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA E PESQUISADOR "1 B" DO CNPQ. É MEMBRO TITULAR DO COMITÊ ASSESSOR DO CNPQ PARA A ÁREA DE COMUNICAÇÃO (2009-2012) E COORDENADOR DO COMITÊ ASSESSOR PARA AS ÁREAS DE COMUNICAÇÃO, CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO, MUSEOLOGIA E ARTES DO CNPQ (2011-2012) ANDRÉ LEMOS FOI PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO - COMPÓS, COORDENADOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E CULTURA CONTEMPORÂNEAS (FACOM/UFBA) E CHEFE DO DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO (FACOM/UFBA).. ATUALMENTE COORDENA 1 PROJETO DE PESQUISA NO CNPQ - GRUPO DE PESQUISA EM CIBERCIDADE GPC (CADASTRADO NO CNPQ). FOI RECENTEMENTE NOMEADO TITULAR NA COMISSÃO DE ASSESSORAMENTO PARA A ÁREA DE ARTES, COMUNICAÇÃO E CIÊNCIAS DA INFORMAÇÃO DO CNPQ (2009 a 2013). MEMBRO FUNDADOR DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM CIBERCULTURA (ABCIBER). ATUA NA AREA DE COMUNICAÇÃO E SOCIOLOGIA, COM ÊNFASE EM CIBERCULTURA. COORDENADOR E AUTOR DE DIVERSOS BLOGS, EDITOR DAS REVISTAS 404NOTFOUND (UFBA), CIBERCULTURA (ITAÚ CULTURAL), CONTEMPORÂNEA (UFBA). MEMBRO DE DIVERSAS COMISSÕES CIENTÍFICAS DE REVISTAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS, PARTICULARMENTE DA REVISTA SOCIÉTÉS, FRANÇA, TEKNOKULTURA, ESPANHÃ, CANADIAN JOURNAL OF COMMUNICATION E WI. JOURNAL OF MOBILE MEDIA, CANADÁ. CONSULTOR AD HOC DA FAPESB, FAPESP, CEPQ, CAPES. MEMBRO DE COMISSÕES JULGADORES NACIONAIS E INTERNACIONAIS COMO "BEST OF BLOGS", DEUTSCHE WELLE (BONN, ALEMANHA), "ARS ELECTRONICA" (LINZ, ÁUSTRIA), MEMEFEST, PRÊMIO SÉRGIO MOTA (BRASIL), ENTRE OUTROS